Luís
Perdiz é um
poeta, compositor e editor nascido em Campinas, SP.
Autor do livro Saudade mestiça (Editora Patuá, 2016),
ele edita o portal de literatura Poesia Primata,
voltado para a degustação e difusão da poesia brasileira contemporânea.
Faz parte do projeto musical
autoral Estranhos no Ninho e publica regularmente em revistas de literatura e
antologias, obtendo menção honrosa na 23ª edição do Programa Nascente USP.
Vive atualmente em São Paulo e pode-se encontrar mais informações sobre ele em seu site pessoal.
Templo
nunca intacto
repouso nesta superfície de cascalhos
sonhos aprendidos ao hálito da terra
repouso nesta superfície de cascalhos
sonhos aprendidos ao hálito da terra
lágrima primata
incrustada na labareda
planície viva do princípio
tarde marmórea por onde encontro
planície viva do princípio
tarde marmórea por onde encontro
suas coxas quentes
secretamente solares
secretamente solares
#
Córregos
bota imersa na
flora do destino
brilho transatlântico
fincado em alma
auroras e cachos
moto infinita na neblina
dilúvio de nuances
improvisando verões
o jazz campestre na barraca da noite
desfigurava também o interior de nossos pulsos
flora do destino
brilho transatlântico
fincado em alma
auroras e cachos
moto infinita na neblina
dilúvio de nuances
improvisando verões
o jazz campestre na barraca da noite
desfigurava também o interior de nossos pulsos
#
Você me enche de areia
gargalhada nua e
seca
me atrevo na pulsação réptil
e a imobilidade da árvore fascina a fome inexata
dois meses desfizeram meu herói amador agora vivo em conchas
pirâmides se entulham em meus pulmões
sou um golpe cinza numa guerra sem mira entre vespas
as lunetas estão sangrando juros
um atlas só de rostos me envolve feito âncora
sabor cru e indomável de vida afunda vida afunda vida afoga
me atrevo na pulsação réptil
e a imobilidade da árvore fascina a fome inexata
dois meses desfizeram meu herói amador agora vivo em conchas
pirâmides se entulham em meus pulmões
sou um golpe cinza numa guerra sem mira entre vespas
as lunetas estão sangrando juros
um atlas só de rostos me envolve feito âncora
sabor cru e indomável de vida afunda vida afunda vida afoga
olho já sem filme
osso já sem firme
retorcidas possibilidades evaporadas num aquário
blues suspenso da extinção
osso já sem firme
retorcidas possibilidades evaporadas num aquário
blues suspenso da extinção
estiagem a dois resgatada em sua sede
cessem os monstros assassinos páginas de números
cessem os monstros assassinos páginas de números
hospícios hospitaleiros balas
anestésicos
quero
a euforia turva dos contrastes deslumbrantes
as ostensivas horas da tempestade feito whisky
numa sacada de primavera tingida em chagas
as ostensivas horas da tempestade feito whisky
numa sacada de primavera tingida em chagas
#
Playground
o que mais me
relevava naquele
playground vazio
era o silêncio
igual ao meu
infância fantasia atravessada
merthiolates colos contrastes
amigos imaginários
todos eles filhos únicos
ensimesmado
pressentia sons de macondo
outras partes longas
indefinidas
longe do baile de minotauros
playground vazio
era o silêncio
igual ao meu
infância fantasia atravessada
merthiolates colos contrastes
amigos imaginários
todos eles filhos únicos
ensimesmado
pressentia sons de macondo
outras partes longas
indefinidas
longe do baile de minotauros
#
Estadia
sempre na sua casa
os vitrais se entrelaçam
as teias desnudam o tempo
as peles se dissolvem
meu alicerce mais valente
assiste o horário
os vitrais se entrelaçam
as teias desnudam o tempo
as peles se dissolvem
meu alicerce mais valente
assiste o horário
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