Regina Azevedo
é uma poeta brasileira nascida em Natal (RN) em 2000.
Autora
dos livros Das vezes que morri em você,
Por isso eu amo em azul intenso e Pirueta, além de alguns fanzines.
Acompanhe
mais aqui: www.reginazvdo.tumblr.com
Gabriel
pense na
banalidade
de aprender a contar
até o infinito
de aprender a contar
até o infinito
nesse momento
eu gostaria de virar a Terra
ao avesso
eu gostaria de virar a Terra
ao avesso
e plantar estrelas
no caminho do seu tropeço
no caminho do seu tropeço
para que você
pudesse
brincar de astronauta
brincar de astronauta
e se deparar com
as flores laranja
e a juventude com seu nome
ressoando feito mantra
e a juventude com seu nome
ressoando feito mantra
I wanna hold your
hand
e atravessar a
escuridão
e modificar o sentido de infinito,
que agora se diz Gabriel
e modificar o sentido de infinito,
que agora se diz Gabriel
sua luz pisca um
segundo
e brilha um mundo
e brilha um mundo
#
só por um segundo
sob teu peito
sob teu peito
o farfalhar do
outono
e o que você fazia
em festejo ao fogo
e o que você fazia
em festejo ao fogo
a ponta dos dedos
ao relento
ao relento
traquejo singular
da labareda
misto de calmaria
e lampejo
numa dança descabelada
numa dança descabelada
a língua pronta
para o surgimento
da manhã
da manhã
o espírito de
cavalo colorido
no ato de trocar os óculos com você
e te olhar de baixo
no ato de trocar os óculos com você
e te olhar de baixo
o minério que
dorme na pele
o desafio que doma o segundo
a ginga que derrete as ondas
o desafio que doma o segundo
a ginga que derrete as ondas
cheiro tônico
diante do espelho
o rugido e o
anúncio
do tropeço no ritual:
do tropeço no ritual:
um orgasmo
estupendo
anestesia contra bombas
de efeito moral
anestesia contra bombas
de efeito moral
#
Beijar você
Beijar você
na queda livre da montanha
russa – feito embrião
aprendendo a dar cambalhota.
Bolinhas cítricas explodindo
na língua. Um trote
desafiando a gravidade,
o batom vermelho desejando
pular da minha boca pra sua.
na queda livre da montanha
russa – feito embrião
aprendendo a dar cambalhota.
Bolinhas cítricas explodindo
na língua. Um trote
desafiando a gravidade,
o batom vermelho desejando
pular da minha boca pra sua.
Nosso toque
parece,
a olho nu,
Uma boiada pisoteando
uma teia de flores
Um filhote de orca separado
da família.
Mais de perto, a mão que passeia
é a mesma que dança
Nossos ombros unidos
fazem brotar orquídeas ou margaridas.
a olho nu,
Uma boiada pisoteando
uma teia de flores
Um filhote de orca separado
da família.
Mais de perto, a mão que passeia
é a mesma que dança
Nossos ombros unidos
fazem brotar orquídeas ou margaridas.
O que há de mais
bonito é
A espessura do seu batimento cardíaco
A cor que meu cabelo adquire
de acordo com o raio da sua visão.
Sua pupila dilatada
muito perto da minha pupila dilata.
Seu sorriso diante da minha clavícula,
da ideia de estação,
do pensamento de que tudo,
inclusive o que se esconde na linha do horizonte,
é pura beleza.
A espessura do seu batimento cardíaco
A cor que meu cabelo adquire
de acordo com o raio da sua visão.
Sua pupila dilatada
muito perto da minha pupila dilata.
Seu sorriso diante da minha clavícula,
da ideia de estação,
do pensamento de que tudo,
inclusive o que se esconde na linha do horizonte,
é pura beleza.
Tudo,
absolutamente tudo,
Mas no ponto mais alto do pódio
beijar você na queda livre
da montanha russa.
Mas no ponto mais alto do pódio
beijar você na queda livre
da montanha russa.
#
em mar aberto
desenterrei do meu baú a pipa
construída num sonho. percebi
que não sei pedalar em linha reta,
que tenho nos joelhos uma fissura
de loucura de viver em mar aberto.
sinto saudade do seu nome
como quem tira as botas ensanguentadas
ao regressar da guerra. mergulho
meu peito palácio em água fervente
e admiro religiosamente a foto
que consta no rg recém fraudado.
é preciso dizer aos viajantes
que as dunas são proibidas
embora bonitas. assim como
fechar os olhos ao sentar no colo de alguém
ou pensar mais de três vezes
por dia em quem te puxou
pra dançar. é proibido amar,
é proibido soprar um dente de leão
pra espantar o medo.
assim como é proibido encontrar
e lamber com vontade o mar aberto que existe
no meio de cada pessoa. a sorte
é que nesse momento, diante da cerca elétrica,
da placa, da assinatura de autoridade,
finjo não saber ler
absolutamente nada
construída num sonho. percebi
que não sei pedalar em linha reta,
que tenho nos joelhos uma fissura
de loucura de viver em mar aberto.
sinto saudade do seu nome
como quem tira as botas ensanguentadas
ao regressar da guerra. mergulho
meu peito palácio em água fervente
e admiro religiosamente a foto
que consta no rg recém fraudado.
é preciso dizer aos viajantes
que as dunas são proibidas
embora bonitas. assim como
fechar os olhos ao sentar no colo de alguém
ou pensar mais de três vezes
por dia em quem te puxou
pra dançar. é proibido amar,
é proibido soprar um dente de leão
pra espantar o medo.
assim como é proibido encontrar
e lamber com vontade o mar aberto que existe
no meio de cada pessoa. a sorte
é que nesse momento, diante da cerca elétrica,
da placa, da assinatura de autoridade,
finjo não saber ler
absolutamente nada
#
sinto
muito não ser assim suave
você disse que aquele pássaro
era da cor do meu cabelo
você disse que aquele pássaro
era da cor do meu cabelo
mas ele era
vermelho
e nosso amor está
em algum lugar
entre o voo e a extinção da espécie
entre o voo e a extinção da espécie
meu cabelo é
laranja
laranja porque sou poeta
laranja porque sou poeta
(e prefiro ter
cara de poeta
a ser bonita)
a ser bonita)
você estava
andando na rua
viu um pássaro
e lembrou do meu cabelo
viu um pássaro
e lembrou do meu cabelo
isso diz muito
sobre
seus olhos
esses, sim, vermelhos
seus olhos
esses, sim, vermelhos
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